Governo restringe uso de medicação indicada para casos suspeitos de gripe suína M
ARCELA CAMPOS
Colaboração para a Folha Online, em Brasília
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou na tarde desta sexta-feira que o governo vai fazer um "uso racional" dos medicamentos para contenção da gripe suína --como é chamada a gripe A (H1N1).
"A medida do governo brasileiro [de restringir a internação e medicação a pessoas imunodeprimidas, idosos e crianças com menos de 2 anos, tomada na semana passada] revelou-se extremamente acertada. A medicação desnecessária pode levar a uma resistência ao vírus, como já ocorreu em três países, Dinamarca, Japão e Hong Kong", afirmou.
A nova orientação do governo é que as pessoas procurem os centros de saúde normalmente e não os hospitais de referência. "Precisamos garantir que existam leitos disponíveis para os que realmente precisam. Se for necessário, essas pessoas serão encaminhadas aos hospitais de referência."
"Começa a haver sinais de muito tempo de espera em muitos hospitais de referência. Essa pessoa poderia estar sendo atendida muito mais rapidamente em um centro mais perto de sua casa", afirmou Temporão.
O ministro faz um balanço desde 24 de abril. Segundo ele, nas últimas semanas, houve um aumento na procura pelos 68 hospitais de referência, nos quais há 900 leitos para internação de pacientes contaminados pelo vírus da gripe que evoluem com gravidade.
Temporão explicou que embora seja uma doença nova, o comportamento (transmissão e letalidade) da Influenza A se aproxima muito ao da gripe comum. "Quando leva a morte, é devido a alguma complicação. A maioria [dos contaminados] tem sintomas leves a moderados, evoluindo para cura."
Na última semana, subiu o número de casos autóctones, para 30% do total. Há três semanas, eram 6%. "O vínculo epidemiológico está em todos os casos, não há circulação do vírus no Brasil."
Estudo realizado pelo Instituto Adolfo Lutz, citado pelo ministro, concluiu que, das pessoas internadas com suspeita de gripe, 25% tinham a gripe comum; 24%, a gripe suína; e 50% não tinham nenhuma das duas doenças.
Temporão recomendou às pessoas com suspeita de contaminação que procurem centros de saúde mais próximos, como fariam no caso de gripe comum. "A avaliação clínica do médico é que define o que ocorrerá daí para frente."
Além disso, o ministro disse que o governo vai reforçar o monitoramento nas fronteiras secas. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabeleceu presença em sete pontos na fronteira do Rio Grande do Sul. Além desses, haverá reforço de soldados do Exército em 15 localidades na fronteira do Estado, para orientar as pessoas que a atravessam.
"Não é um lugar de detenção das pessoas com algum tipo de sintoma", afirmou Jorge Hage, diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica. "Se alguém tiver um sintoma, imediatamente vai ser encaminhado a algum serviço de saúde.
Sintomas
No dia 11 de junho, a OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou que a doença atingiu o nível de pandemia (epidemia generalizada). O termo tem relação apenas com a ampla distribuição geográfica do vírus, e não com a sua periculosidade.
A gripe suína é uma doença respiratória causada pelo vírus influenza A, chamado de H1N1. Ele é transmitido de pessoa para pessoa e tem sintomas semelhantes aos da gripe comum, com febre superior a 38ºC, tosse, dor de cabeça intensa, dores musculares e articulações, irritação dos olhos e fluxo nasal.
Para diagnosticar a infecção, uma amostra respiratória precisa ser coletada nos quatro ou cinco primeiros dias da doença, quando a pessoa infectada espalha vírus, e examinadas em laboratório. Os antigripais Tamiflu e Relenza, já utilizados contra a gripe aviária, são eficazes contra o vírus H1N1, segundo testes laboratoriais, e parecem ter dado resultado prático, de acordo com o CDC (Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos).
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