Jornais do Azerbaidjão (Blog N. 46 do Painel do Coronel Paim) - Parceria: Jornal O Porta-Voz

segunda-feira, 24 de setembro de 2012


Saúde-Pesquisa: Brasil vai testar mosquito "vacinado" contra dengue

FolhaPress

Por Giuliana Miranda

SÃO PAULO, SP, 24 de setembro (Folhapress) - O Brasil começa a dar os primeiros passos em uma ambiciosa estratégia internacional de combate à dengue: a introdução na natureza de exemplares do mosquito transmissor, o "Aedes aegypti", imunes à doença. 

A iniciativa, capitaneada pela Fiocruz, (Fundação Oswaldo Cruz), foi anunciada ontem no Congresso Internacional de Medicina Tropical, no Rio de Janeiro. 

O trabalho está em fase de testes iniciais e, se tudo sair como o planejado, os primeiros aedes "vacinados" contra a dengue devem ganhar as ruas do país em estudos controlados no segundo semestre de 2014. 

Em laboratório, cientistas contaminam os embriões do "Aedes aegypti" com uma variante da bactéria "Wolbachia", que é encontrada em cerca de 70% dos insetos na natureza, incluindo moscas-das-frutas e pernilongos "comuns". 

No organismo do mosquito, a presença da bactéria acaba impedindo o desenvolvimento do vírus da dengue. 

"Os mecanismos que provocam isso são complexos, desde mudanças no sistema imune até a competição por nutrientes no interior das células", diz Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz e chefe do projeto "Eliminar a Dengue: Desafio Brasil". 

"Mas o método é extremamente seguro. A bactéria usada já faz parte do dia a dia. Não se trata de uma alteração genética ou introdução de um micro-organismo novo", diz. 

Uma vez introduzida na população de mosquitos, a bactéria consegue se espalhar com certa facilidade. Embora a contaminação seja apenas vertical (dos pais para a prole), os mosquitinhos infectados têm mais sucesso na reprodução. 

As fêmeas contaminadas têm descendentes com a bactéria independentemente de o macho estar infectado. 

No caso das fêmeas que não apresentam o "Wolbachia" mas que copulam com machos com a bactéria, praticamente todos os ovos fecundados acabam morrendo. 

Ou seja: comparativamente, fêmeas com a "Wolbachia" produzem mais ovos, que vão originar novos mosquitos que já nascem com a bactéria e, portanto, imunes à dengue.

O método, desenvolvido na Austrália, já foi testado com sucesso em duas cidades do país, onde a população de insetos foi rapidamente substituída pela variante imune. 

"Nós monitoramos constantemente essas áreas [da Austrália] e vimos que, até agora, 18 meses depois, essas áreas continuam com praticamente 100% dos mosquitos com a bactéria", diz Scott O'Neill, professor da Universidade Monash, em Melbourne, e um dos autores do trabalho australiano, publicado em 2011 na "Nature". 

Antes de começar os testes com o mosquito na natureza, os cientistas da Fiocruz vão fazer pequenas adaptações no método australiano. 

"Os vírus que circulam nos dois países têm algumas diferenças. Isso precisa ser levado em consideração", explica Luciano Moreira.

terça-feira, 11 de setembro de 2012


Pesquisa mostra que 



vacina contra a 



dengue pode ser 



segura e eficaz


Resultados de testes são os melhores já obtidos por vacina contra o vírus.
Fórmula funcionou contra os vírus tipo 1, 3 e 4, mas falhou com o tipo 2.


Do G1, em São Paulo

O mosquito da Dengue (Foto: Divulgação)'Aedes aegpti', mosquito que transmite a dengue
(Foto: Divulgação)
Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira (10) mostra, pela primeira vez, que é possível desenvolver uma vacina segura e eficaz contra a dengue.
Hoje, não existe nenhuma vacina ou remédio contra o vírus da dengue. A prevenção é feita sobre o mosquito transmissor – Aedes aegypti – e o tratamento da doença é apenas sobre os sintomas, com medicamentos para aliviar a febre e as dores no corpo.
A conclusão de que uma vacina está mais perto de ser lançada veio depois de testes feitos com mais de 4 mil crianças na Tailândia. Foi a terceira fase de testes de uma vacina candidata desenvolvida por pesquisadores do laboratório Sanofi Pasteur, e os resultados foram publicados pela revista médica “Lancet”.
Essa é última etapa de exames pela qual um medicamento precisa passar antes de entrar no mercado. Antes disso, ele deve ter bons resultados em animais e em etapas menores com humanos. A Tailândia foi escolhida porque é uma região onde a doença é endêmica – a mesma vacina também está sendo testada no Brasil.
Embora os pesquisadores estejam animados, a vacina ainda não é capaz de prevenir a dengue de uma forma geral. Um dos grandes desafios do combate ao vírus da dengue são suas variações. Existem quatro subtipos do vírus, e para cada um deles é preciso fazer uma vacina específica. Os quatro têm o mesmo potencial de provocar a doença e o mesmo perigo.
A vacina candidata testada na Tailândia contém em uma única dose a mistura das quatro vacinas contra cada subtipo do vírus. Contra os vírus tipo 1, 3 e 4, a taxa de imunização ficou entre 60% e 90% – o que os médicos consideram uma vacina eficaz. Além disso, não foram registrados efeitos colaterais significativos.
No entanto, foi registrado um número relativamente alto de casos de dengue provocados pelo vírus tipo 2, um sinal de que a vacina não funcionou contra esse alvo específico.
Os produtores da vacina ainda esperam pelos resultados da pesquisa na América Latina, com mais de 30 mil voluntários, para saber se a vacina poderá ser aprovada. Esses estudos devem ser concluídos em 2014.
Dengue (Foto: Arte/G1)