Jornais do Azerbaidjão (Blog N. 46 do Painel do Coronel Paim) - Parceria: Jornal O Porta-Voz

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Casos de dengue aumentam 16,4% em SP em janeiro; avanço é maior na zona leste

O número de casos confirmados de dengue em janeiro teve aumento de 16,4% na capital paulista em relação ao mesmo período de 2015. Segundo os dados apresentados nesta terça-feira, 23, pela Secretaria Municipal da Saúde, os registros saltaram de 710 para 827. No primeiro mês deste ano, houve 5.877 notificações, ante 2.406 em 2015. A zona leste da cidade concentra o maior número de ocorrências, segundo a pasta.
Os números ainda mostram avanço da dengue na capital entre a terceira e a quarta semana de janeiro. As notificações aumentaram 44,57% e as confirmações, 56,62%.
"O cenário de mais casos está relacionado com a falta d?água, o aumento da temperatura e a maior resistência do mosquito", afirmou o secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha. Para ele, também há relação com mudanças de hábitos e a ação de profissionais de saúde. "A população está mais preocupada e atenta não só com os quadros de dengue, mas com relação ao zika e à chikungunya. A nossa população procura mais as unidades de saúde. Como a Prefeitura colocou o teste rápido em todas as unidades e orientou os profissionais, tem uma procura maior, o que aumenta a notificação." Por enquanto, não há registro de mortes por dengue no Município.
Procuradas para falar sobre a relação entre crise hídrica e dengue, a Secretaria da Saúde do Estado e a Sabesp optaram por não se pronunciar.
Presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, Artur Timerman diz que a procura da população existe, mas seu efeito em estatísticas pode ser considerado inexpressivo. "Quem tem dengue, quando a doença se manifesta, não consegue ficar em casa, porque tem febre muito alta e dor. Isso pode ter um papel, mas seria pouco expressivo."
Durante a apresentação do balanço, o secretário informou que 382.278 imóveis foram visitados até o dia 22 e, ao todo, foram encontrados 552.455 recipientes que poderiam receber criadouros do Aedes aegypti.
Zona leste
No levantamento da secretaria, a zona leste da capital aparece com mais casos. O distrito que encabeça a lista é Lajeado, com 68 registros - em janeiro de 2015, não houve nenhum. Ainda na região, destacam-se Penha (35), Parque do Carmo (24), Itaquera (23), Itaim (19) e Cangaíba (18).
Infectologista do Instituto Emílio Ribas, Jean Gorinchteyn diz que o verão mais chuvoso em relação ao do ano passado, além do menor número de pessoas infectadas na última epidemia, podem ter contribuído. "O volume de chuvas é maior neste ano do que no ano passado e isso causa um empoçamento de água e a zona leste é um palco para enchentes e inundações. Outro fator é que a região enfrentou menor concentração de dengue em relação à zona norte, que teve empenho maior de controle de focos. O mosquito encontrou uma população no leste sem imunização."
Timerman completa que a presença do tipo 4 da dengue também interfere nos registros. "Nos últimos dois anos, está prevalecendo o sorotipo 1, mas com a introdução do 4, temos um aumento dos casos", observou. Segundo o especialista, esse aumento se dá porque, ao ter um tipo de dengue, a pessoa fica imune a ele, mas ainda pode ter infecções pelos outros três sorotipos.
A zona leste será a primeira a receber duas tendas da dengue para atendimento de pacientes, a partir de hoje. Elas serão instaladas em Lajeado e em Cangaíba. "Um dos critérios é que os hospitais da região estejam 40% ocupados com atendimentos de pacientes com dengue, mas não esperamos chegar a essa situação", diz Padilha.
No ano passado, dez tendas foram instaladas na capital, em maior número na zona norte, que teve o maior número de registros. Para este ano, estão previstas ao menos 14. Elas vão funcionar das 8 às 18 horas e vão fazer 150 atendimentos por dia.
Zika
Até o momento, nenhum caso autóctone de vírus zika foi registrado na cidade. Há 47 notificações, com quatro casos importados e três de pessoas de outros municípios atendidas na capital - nenhum deles era gestante. Há três relatos descartados e os demais continuam em investigação.
O número de casos de microcefalia com possível relação com o vírus continua em seis, dos quais três foram de gestantes que vieram do Nordeste, uma mulher que viajou para Indaiatuba, no interior paulista, e duas que também viajaram por vários municípios do Estado de São Paulo com surto.
Chikungunya
Há dois casos autóctones de febre chikungunya confirmados. As vítimas são dois idosos moradores do Sacomã, zona sul. Foram notificadas 236 ocorrências, das quais 11 foram confirmadas e 212 estão em investigação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Estudo propõe edição genética para eliminar fêmeas de Aedes aegypti

A edição genética pode reduzir a população de mosquitos fêmeas e assim ajudar a controlar oAedes aegypti, vetor de vírus como zika, dengue e chikungunya, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (17) na revista "Trends in Parasitology".
Cientistas da Universidade Virgínia Tech, nos Estados Unidos, propõem a edição de um gene específico nas populações de mosquitos para levar à conversão de fêmeas em machos ou para matar a população feminina.
Qualquer desses dois resultados contribuiria para diminuir as populações total de mosquitos e a expansão dos vírus que eles transmitem, já que as fêmeas são as que necessitam de sangue para reproduzir-se, enquanto os machos se alimentam de néctar.
"Estamos provando a hipótese de que a inserção dos genes que determinam a masculinidade como o 'Nix' no genoma dos mosquitos fêmeas pode produzir machos estéreis ou inférteis ou simplesmente matar as fêmeas, duas coisas que resultariam em menos fêmeas", explicou Zhijian Tu, um dos autores principais do estudo.
"Combinar 'Nix' com a tecnologia de edição genética CRISPR-Cas9 poderia nos ajudar realmente a alcançar objetivos que não se conseguiram com campanhas anteriores para erradicar o mosquito Aedes aegypti, ao introduzir genes masculinos nas populações de mosquitos", afirmou Zach Adelman, outro coautor do estudo.
A edição genética envolve, no entanto, questões éticas, razão pela qual a Academia Nacional das Ciências, Engenharia e Medicina de Estados Unidos estão elaborando atualmente recomendações para a pesquisa responsável nesse âmbito em organismos não humanos.
"A colaboração com os governos e a vontade pública serão cruciais para estabelecer testes de campo nas áreas mais afetadas pelas doenças transmitidas por mosquitos", destacou Adelman.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Atraso em inventário põe R$ 30 mi em risco

O Brasil pode perder um recurso internacional de US$ 7,5 milhões (R$ 30 milhões) caso não publique neste semestre o documento contendo suas estimativas oficiais de emissões de gases de efeito estufa para o período 1990 -2010. Esse documento está pronto há um ano e encontra-se parado na Casa Civil para publicação há seis meses.
A chamada Terceira Comunicação Nacional, que contém o Terceiro Inventário Brasileiro de Emissões,deveria ter sido entregue à Convenção do Clima em dezembro de 2014, durante a COP20, em Lima. Desde agosto ela está pendente de aprovação política, etapa final para publicação. Segundo a Casa Civil, isso ainda não aconteceu ainda por tratar-se de um relatório “grande e de extrema complexidade”, e a redação final do documento está sendo discutida entre quatro ministérios: Ciência, Tecnologia e Inovação, Meio Ambiente, Itamaraty e a própria Casa Civil.
Como o Brasil é um país em desenvolvimento, não tem ainda a obrigação de cumprir calendário de entrega periódica de estimativas de emissão à Convenção do Clima. Acontece que o atraso do inventário já está impactando o calendário da Quarta Comunicação Nacional, cuja publicação é prevista para 2018.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação assinou em 2013 um convênio com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para o repasse de US$ 7,5 milhões do GEF (Fundo Ambiental Global) para a execução do trabalho. No entanto, o dinheiro só poderá ser repassado depois que a Terceira Comunicação Nacional for publicada. Segundo o Pnud, se a Quarta Comunicação Nacional não começar até junho, o convênio é cancelado e o processo de aprovação precisará começar todo de novo – implicando em mais atraso.
“Esperamos que a TNC [Terceira Comunicação Nacional] seja entregue antes de junho para que possamos ter acesso contínuo aos recursos”, afirma Rose Diegues, assessora para o GEF do Pnud no Brasil.
Segundo o coordenador de Mudanças Globais de Clima do MCTI, Márcio Rojas, o ministério estima que a publicação vá acontecer “nas próximas semanas ou nos próximos meses”. “É um recurso grande, que o país não pode perder”, diz.
A demora se deve em parte a uma série de mudanças metodológicas feitos nas contas de emissão do Brasil entre o segundo inventário, que abarca o período até 2005, e o terceiro, que vai até 2010.
Sofreram ajustes, por exemplo, as formas de calcular emissões por mudança de uso da terra e por agricultura. Alguns bancos de dados internacionais que vinham sendo usados nos inventários anteriores foram substituídos por bancos de dados nacionais. As mudanças obrigam o governo a ajustar também os dados dos inventários anteriores. “Isso é o padrão em qualquer inventário de qualquer país do mundo”, afirma Rojas.
Segredo de polichinelo
Como o documento ainda não é oficial, seus dados não puderam ser usados na formulação da INDC do Brasil, a meta de redução de 37% das emissões nacionais em relação aos níveis de 2005 até 2025, apresentada como compromisso nacional para o Acordo de Paris.
A INDC foi publicada no final de setembro, quase dois meses depois de o Terceiro Inventário ter sido encaminhado pelo MCTI à Casa Civil. Ela considera, em seu anexo, que as emissões no ano-base, 2005, foram de 2,1 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e).
No entanto, o terceiro inventário mostra que as emissões totais em 2005 foram de 2,74 bilhões de toneladas de CO2e, o que tornaria bem maior o esforço de corte de emissões a ser feito até 2025: em vez de retirar 1,3 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa da economia – algo já realizado em sua maior parte devido à queda da taxa de desmatamento na Amazônia após 2005 –, o país precisaria eliminar 1,7 bilhão de toneladas.
Esses dados são mais ou menos conhecidos pelos especialistas desde janeiro de 2015, quando a Terceira Comunicação Nacional entrou em consulta pública. A primeira análise da INDC brasileira, feita por pesquisadores da Coppe-UFRJ num projeto internacional e publicada em outubro, traz o número de 2,74 bilhões de toneladas e afirma que o inventário ainda está “em revisão”.